Eu vi a cara da morte
Ela viu-me também
Ignorou-me
Disse que o tempo passaria como se voasse
Como se fosse um pássaro macabro
E passou.
A cara da morte é azeda
Posso descrever-te
Vívida, cultivando as vidas que levou
Fazendo recordar-nos do que se foi
Do que não volta mais
Trazendo arrependimentos e amarguras
A morte veio
A morte não volta atrás.
Parei para pensar
Deitada em minha cama
Antes de tomar o último comprimido
Antes de terminar o serviço bem feito
Com o suor gelado escorrendo sobre o corpo quente
Em quantas camas dessas deitei-me
Disso tudo, o que restou?
Só um pedaço de mim mesma
Se esfarelando sobre meu corpo
Não tão vívido quanto o dela.
Sem propósitos visíveis continuamos
Seguindo o dia-a-dia tão destrutivo quanto nós mesmos
Destruindo o espírito e o corpo
O mundo.
O-SER-HUMANO-É-O-CAOS-DO-UNIVERSO.
A decisão de interromper o ciclo vicioso vivencial
Dura pouco tempo
Até dar-se conta na realidade de seus sonhos
Suspirar profundamente
Soltar o ar pela boca
E repousar esperando um amanhã diferente.