Cuspe Poético


Quem sabe um dia a gente fuja correndo da ansiedade de viver
Quem sabe um dia a gente para com o drama todo de existir
Pega as porras das malas e se manda daqui
Anotei teu ascendente e tua lua num papel
Mas deixei teu sol para o final.

Quem sabe um dia a gente toma vergonha na cara e deixa de lado a erudição
Vai pro morro, pro mato ver como as coisas como elas são
Monogamia, astrologia, grafologia
Tentativas inúteis de prever a morte
Sorte
A gente vive pela morte
Ela é a certeza da nossa insanidade
Loucura
Dádiva de existir.

Estamos salvos de nós mesmos?
Suspensos em nossas próprias ilusões
Saí correndo para Rússia, meu irmão
Saí correndo para Madagascar, filho da puta
Finlândia, Noruega, tomar chá.

Saí correndo antes que a morte venha te pegar.