Deus.

Para Amanda Diniz, por entrar em meu casco poético.


I – O Pecado.

Estais solitários sobre os escombros lamacentos do paraíso
Onde reis defecam por cima de teu corpo já sujo de barro
Tuas mãos sujas de sangue mendigo
Essa solidão que te massacra e alucina-me
Dentre as coisas que já se esqueceu o nome
Não sabes se o que vê ao céu são anjos ou demônios
Só os cacos da percepção
Que fora perdida por dentre o caminho das sombras.

II – A Falsa Pureza.

Teus santos o perseguem com as mãos ao alto
Dizendo orações que talvez o queime
Tu sabes de teu pecado secreto
O julgam de anjo, mas teu irmão mora no inferno
Guarde tua verdade antes que ele a descubra
Dizem que ninguém o esconde a realidade
Ninguém dita às regras
Só obedecem aos seus mandamentos imaginários.

III – A Bondade.

Dentre os escombros do mundo
Posso ver um amante das flores
Lírico como a poesia que escrevo-te
Escravo-te em meus sonhos.

A bondade do vendedor de sonhos
Agride teus demônios e santos particulares
Que dizem que amar é errado
Sonhar é pecado
Não ter medo da morte é fato elucido. 

Enquanto o homem caminha pelas flores
A seis ervas:
Alecrim, artemísia, absinto, boldo, manjericão e camomila
O mundo gira sobre teus olhos
Alguns cantam,
Alguns dançam,
Alguns morrem de fome ou de deus.

Qual será o pretérito da bondade?