alguma coisa me separou de ti quando eu nasci, essa coisa sem nome ou posição no tempo (talvez com algum codinome genético) separou você de mim no instante em que vim ao mundo e descobri o sentido real de qualquer liberdade. duas metades foram formadas através dessa decisão pela qual eu não fui informada: a carolina sã e a carolina in sã. a carolina sã nasceu quieta, intuitiva e de uma beleza sutil, delicada até o último de seus fios encaracolados de cabelo, poesia lírica que via-se em seus olhos e uma bondade fora do comum. mas, a única coisa intensa que esse lado fez foi intensificar as características do outro, a parte carolina in sã, que por sinal não teve toda essa sorte a acabou nascendo um tanto louca e triste, com cabelos sem nenhum cuidado, com a mentalidade sem nenhum cuidado e a verdade posta assim, fora do alcance.
seria inútil se você tentasse livrar toda a culpa que tem sobre isso, pois teus traços que formaram os meus e qualquer uma das índoles que tem sobre meu ser. algo em mim sempre fora mais forte, no íntimo, mesmo quando essa separação um tanto ridícula ainda não existia e eu era apenas uma criança sem nome ou posição no tempo, uma criança capricorniana que não sabia que diferença isso faria no resto da sua vida.
vontade de gritar agora, em seus ouvidos.
te perguntaria qual sua carolina preferida se a resposta não me fosse assim, tão evidente. se tivesse algum pingo de admiração por você e essa imagem que vejo agora não me trouxesse só fracasso psíquico-espiritual juro que tentaria viver mais como carolina sã, juro que tentaria viver mais com a máscara que te agrada, se alguma delas te agradasse.
quer tentar?
diga agora do que você gosta, mas diga rápido por que o tempo corre e o sangue nas minhas veias está ameaçando parar, cansaço. diga logo por que a carolina in sã está tomando todo o poder, diga logo por que controle é uma característica do outro lado de mim.
