Quando a inspiração é mais forte do que o tempo, espaço, localização, hora ou sanidade. Crio como poetisa histérica e incansável.
I
Nostalgia cinza-fria
Ideias que seguem a lógica do tempo
Perdidas no espaço sideral dos meus dedos
Não conseguem adaptar-se ao papel
Sair dos sonhos para virarem reais
Como se tivesse vida própria
Ou somente não precisassem mais de mim.
Elas cantarolam seus versos em minha mente
Mas não querem compartilhar a beleza
Inerente nesse mundo
Não é o prato-cheio para recebê-las
Então preferem calar-se
Diante do trono poético
Das vidas distantes.
Choram, gritam, mas não posso
Ser egoísta ao ponto de trazê-las
As palavras independentes
Na ponta da minha língua ardida
Com gosto de conhaque barato
Não posso recitá-las dessa maneira
Sem pureza ou preparação
Elas precisam de mais.
Talvez de mais amor
De mais arte
Mais tática ou mais técnica
Talvez eu não seja poeta para tanta poesia
Ainda seja criança para tanta descoberta.
Vou guardar a idéia
Um dia irei reescrevê-la
E será magnífico.